terça-feira, 24 de maio de 2016

Sobre o coxinha que não sabe que é.

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 Coxinha em seu sentido lato sensu, é uma guloseima popular, não muito saudável, e a partir dos protestos de junho de 2013 tomou uma conotação política um tanto confusa, ora era adjetivo, ora era substantivo, se é que me entendes. A depender da situação, o termo coxinha tem o sentido de sujeito tolo, conservador sem reflexão crítica. Pode ser também um verbo: "coxinhar" que se refere a atividade dos coxinhas. Esse é um sentido filosófico-linguístico do termo. Agora, sociologicamente , o termo se refere a um determinado grupo de sujeitos que compartilha de determinados valores e ideias, entre eles estão o ódio ao pensamento diferente do seu, ou seja, um pensamento crítico e consciente, uma intolerância visceral na tentativa de "diferenciar-se" aliados a um forte desejo de acusar a todos de corruptos, entrelaçados de uma necessidade imensa de, até mesmo engraçada de ser bom moço da situação. Preocupados em destacar sua posição social de 'politicamente corretos' incorruptíveis, nutrem uma arrogância intragável e são intolerantes às críticas. Os protestos do verde amarelo, do "vem pra rua" evidenciaram os cidadãos coxinhas. Narcisistas e incapazes de identificação com o povo, são movidos por uma necessidade extremista de diferenciação, que Baudrillard chama de "cidadãos diferenciados" isto é, um tipo de homem que atua por emulação e pelo desejo de ser diferente dos demais. Desse modo não se veem como classe trabalhadora, mas se encontram com a máxima: "não-trabalho" O consumo, a moda, a maneira de vestir e a chamada condição social é pre requisito para não ser chamado de classe trabalhadora. Ou seja, eles são coxinhas por livre escolha, não que a natureza os tenha feito assim. Eles escolheram não pensar criticamente, não pensar sobre as minorias, escolheram ser intolerantes ao povo, a ser investigado, pois querem deixar bem claro o desprezo pelos diferentes de si. É apenas justo que o coxinhas estejam irritados, silenciosos sobre a única certeza que estilhaça a sua consciência ingênua e fantasiosa da realidade: Não farão parte dos privilégios do governo interino que candidamente se revela intolerante e ineficaz

domingo, 6 de março de 2016

O sequestro do ex-presidente: Alétheia da ditadura.

Próximo dia 31 de março completar-se-ão 52 anos de contra-revolução de 1964. Não é forçosa a ideia de que estamos sendo preparados pelos meios de comunicações para aderirmos docilmente ao "novo golpismo militar" em tempos de BBB16, Amor e Sexo, a regra do jogo é que a Religião de Feliciano e Bolsanaro, a bíblia é escrita por Sérgio Moro como única portadora da verdade sobre Lula e sua luta pela libertação do povo, pobre, escravizado e dominado pelos faraós. É bom recordar que em março de 1964:  
"O povo foi às ruas com as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, no Rio, São Paulo e outras cidades do país. Todos pedindo o fim do governo João Goulart, antes que fosse tarde demais. E, assim, aconteceu em 31/03/1964 a nossa Contra-Revolução. Os jornais da época(Estado de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil; Tribuna da Imprensa e outros ) publicaram, nos dias 31/03/64 e nos dias seguintes, editoriais e mais editoriais exaltando a atitude dos militares. Os mesmos jornais que hoje combatem a nossa Contra- Revolução (...). E foi com essa propaganda mentirosa que eles iludiram muitos jovens e os cooptaram para as suas organizações terroristas. Então, começou a luta armada". Fonte: http://www.averdadesufocada.com/index.php/textos-do-autor-site-28/17-aos-que-no-viveram-a-contra-revoluo-de-31-de-maro-de-1964
Hoje participar de sequestros, e justificá-los como fonte de verdade, uma verdade que nos força a
esquecer e simultaneamente negar o que ocorreu no passado político do Brasil de 1964 nos leva a entender e viver o sentido e significado que os gregos davam a palavra Alétheia: esquecer a verdade.
Se é possível concluir o faço com a figura abaixo:


domingo, 17 de janeiro de 2016

O ENSINO DE FILOSOFIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Atualmente no contexto de obrigatoriedade da disciplina de Filosofia no Ensino Médio, muito se tem afirmado que a prática da Filosofia na escola deve despertar , sobretudo, o senso crítico, através de questionamentos  em relação ao cotidiano e temas que o cercam. Em outras palavras, o ensino de Filosofia deve desenvolver um conhecimento de caráter universal, que visa a potencialização de uma educação que não se concentra apenas na sala de aula e na escola, mas “uma educação que ultrapasse os muros da escola, fundamentando, assim, a importância da reflexão filosófica do aluno” (ARANHA; MARTINS,1996, p.23).
Nesse sentido, desenvolver um ensino de filosofia eficaz, pressupõe não só a utilização dos textos clássicos dos filósofos que fizeram e promovem a perpetuação da filosofia como apenas mais uma disciplina do currículo, mas como um distintivo que possibilite o desenvolvimento da criticidade dos alunos do Ensino Médio por meio do respeito às diferenças. Dessa forma, é necessário compreender que o ensino da filosofia:
Trata-se, então, de levar esses adolescentes a experienciarem essa atividade reflexiva de compartilhamento desse processo de construção de conceitos e valores, experiência eminentemente pessoal e subjetivada, mas que precisa ser suscitada, alimentada, sustentada, provocada, instigada. Eis aí o desafio didático com que nos deparamos (SEVERINO, 2004, p. 108).

Sobre a relação entre ensino de filosofia e respeito às diferenças como possibilidade o despertar da capacidade reflexiva do aluno, as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (2013) ao tratarem “representação e comunicação” defendem que, em primeira instância, o professor de Filosofia deve despertar no aluno a capacidade de reflexão e problematização, ou seja, o fazer filosofia filosofando, por meio da “análise interpretativa” (BRASIL, 2013, p. 47).
Essa análise interpretativa não deve ser desarticulada dos conteúdos do cotidiano escolar, sem estabelecer uma relação entre a teoria e prática, pois as informações recebidas não presentam relações com a realidade. Não é necessário, nem defendemos essa prática aqui, que o professor de filosofia abandone os textos clássicos de filosofia, pois, Chauí (2009) justifica que somente a leitura dos clássicos possibilita a compreensão primeira dos discursos proferidos pelos filósofos em suas obras.

Porque a filosofia é um discurso dotado de características próprias, a iniciação a ela encontra um caminho seguro no ensino da leitura dessa modalidade de discurso, a fim de que os alunos aprendam a descobrir, no movimento e na ordenação das ideias de um texto, a lógica que sustenta a palavra filosófica para que possam analisá-la e
comentá-la, primeiro, e interpretá-la, depois (CHAUÍ, 2009, p. 12).
     
O desafio[1] que se lança ao professor de filosofia no Ensino Médio, portanto, é da necessidade de reflexão e discussão constante, sobre os pressupostos epistemológicos e conteúdos de suas práticas educacionais visando um ensino que favoreça a formação da criticidade do aluno, que estes se tornem reflexivos e que saibam resolver problemas das mais diversas naturezas.

O COTIDIANO: UM NOVO DOMÍNIO PARA A FILOSOFIA

O cotidiano, como afirma Gallo é o “conjunto de coisas e situações que acontecem, acontecimentos pedagógicos. Se aprende na formalidade e na informalidade das múltiplas relações e acontecimentos. Não existe o controle absoluto de tudo que acontece” (2007, p.21).
Se o cotidiano pode ser tomado como um conjunto de acontecimentos, ele nos coloca em prontidão para a experiência filosófica, na medida em que não podemos exercer o controle absoluto dos acontecimentos. Essa noção de cotidiano e suas potencialidades filosóficas, se torna um elemento distintivo para ressignificar as diferenças..
É oportuno mencionar aqui um comentário de Guatarri que constitui uma provocação interessante para os professores de filosofia:
(...) uma criança, sentada ao fundo da classe, está de saco cheio e começa a jogar chicletes ou bolotas de papel na cabeça dos outros. Diante dessa situação, geralmente o que fazemos é colocar a criança que está perturbando para fora da sala de aula, ou tentar fazer com que ela se manifeste o menos possível, ou ainda, se estivermos em sistemas mais sofisticados, encaminhá-la para um psicólogo. É muito raro nos perguntarmos se esse fato de singularidade não estaria dizendo respeito ao conjunto da classe. Nesse caso, teríamos que questionar a nossa posição na situação e desconfiar que talvez outras crianças também estivessem de saco cheio, só que sem manifestá-lo do mesmo modo.
Em outras palavras, um ponto de singularidade pode ser orientado no sentido de uma  estratificação que o anule completamente, mas pode também entrar numa micropolítica que fará dele um processo de singularização. (GUATARRI & ROLNIK, 1986, p.51).    

O fragmento acima demonstra que o professor de filosofia pode localizar o problema no aluno, enfim, sempre no outro, raramente em sua maneira de atuar em sala, de reconsiderar o cotidiano da sala de aula, atitude essa que impede que aconteça de fato uma experiência filosófica. Mas o que é uma experiência? O que ela tem a ver com o cotidiano? O que é necessário para que ela seja filosófica? Segundo Aspis e Gallo:

A experiência é aquela coisa que, ao acontecer a alguém, transforma essa pessoa, que já não é mais a mesma. É algo que atravessa seu pensamento, suas ideias e faz com que já não possa ser mais o mesmo. Algo se passa, toca e é apreendido de forma transformadora. A experiência filosófica é a experiência de fazer filosofia. É isso que queremos proporcionar aos jovens: a experiência de filosofar. (...) Para Kant[2], a filosofia é um saber que está sempre incompleto (...) O ato de filosofar seria composto por de passos consistentes na análise e crítica dos sistemas filosóficos ( 2009, p.17). 

Não é muito raro encontrar alguns professores de filosofia incomodados com essa afirmação de que o cotidiano é passível de ser considerado como portador de experiência filosófica, afirmando que tal argumento seria uma subversão do ensino de filosofia pautado em análises de conceitos e leitura dos textos tradicionais da filosofia, pois é uma metodologia mais adequada para instigar os jovens de maneira mais rigorosa, a partir do legado filosófico dos grandes pensadores. Também é possível encontrar aqueles que afirmam ser essa uma separação da experiência filosófica da filosofia. Não seria esse um argumento de conformidade com as obediências em massa?
Apostar na reconsideração cotidiano como portador da possibilidade da experiência  filosófica é sugerir uma disponibilidade ao professor de filosofia fazendo-o praticar possíveis interferências filosóficas em seu cotidiano escolar. Como sugere Silvio Gallo são: “estratégias” para as leituras dos textos filosóficos, esclarecendo tudo o que for preciso, para que se possa existir, realmente, a compreensão daquilo que é trabalhado (2012, p.103).
  Não se pode cogitar que o incentivo aos jovens de praticarem a produção autônoma de vídeos sobre a intolerância, como mencionado anteriormente, seja uma prática desvinculada da necessidade de terem contato com o texto de autores clássicos da filosofia, bem como de compreender de forma crítica, seus métodos, sua história, seus problemas e seus conceitos. Aqui deve ficar evidente que isso é importante, bem como, seria imprudente desvincular a filosofia do filosofar, pois, as duas coisas, ainda que de forma sutil, são uma só.
Nesse caso, o importante é  que o professor de filosofia não perca a chance singular de adotar uma via completamente diferente daquela planejada, de construir um processo educativo comprometido com a formação da cidadania. Diante dessas situações concretas que emergem no cotidiano da sala de aula[3], o docente de filosofia deve eleger os temas e procedimentos que ele considera importante para as consecuções estabelecidas para o ensino de filosofia.
Deve-se ainda, nesse contexto, considerar que a abordagem do professor, bem como a seleção de material utilizado em sala de aula revela em boa medida o seu modo de ver as coisas, sua opção por uma maneira de filosofar. Isso faz parte do ensino de filosofia, aliás, isso é essencial na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio:

(...) Tenha feito sua escolha categorial e axiológica, a partir da qual se lê e entende o mundo, pensa e ensina. Caso contrário, além de esvaziar sua credibilidade como professor de Filosofia, faltar-lhe-á um padrão, um fundamento, a partir do qual  possa  encetar qualquer esboço de crítica. Por certo, há filosofias mais ou menos críticas. No entanto, independentemente da posição que tome (pressupondo que se responsabilize teórica e praticamente por ela), ele só pode pretender ver bons frutos de seu trabalho docente na justa medida do rigor com que operar a partir de sua escolha filosófica – um rigor que, certamente, varia de acordo com o grau de formação cultural de cada um  (2006, p. 48).

Lutar para que a filosofia permaneça como disciplina no currículo escolar, não é suficiente. É preciso engendrar novas formas de abordagem para que o aprendizado seja de qualidade no qual os estudantes possam, por meio da produção autônoma no cotidiano, que é uma experiência filosófica, poderão reconhecer a filosofia e sua importância sem que haja risco de perdê-la. Segundo Alejandro Cerletti:

Sabemos também que uma parte importante da legitimidade que possa ter nosso campo deverá ser, em última instância, uma autolegitimação (somos conscientes de que são cada vez mais frequentes as tentativas de excluir progressivamente a filosofia dos currículos obrigatórios, substituí-las por outras disciplinas supostamente mais úteis ou práticas para o mundo de hoje) (2004, p. 22). 

Portanto, é fundamental que cada educador, contribua para que haja uma mudança no ensino de filosofia em nosso país, e principalmente na escola pública. Que o professor possa ver os aspectos filosóficos do cotidiano. Não seria forçoso aqui, recorrer à célebre passagem de Wittgenstein nas Investigações Filosóficas sobre o cotidiano: “Queremos compreender algo que já esteja diante de nossos olhos. Pois parecemos, em algum sentido, não compreender isto.” (IF, § 89, p. 61). Este isto apontado por Wittgenstein é nada menos que o cotidiano que está presente em todos os âmbitos da vida, e que permeia todas as nossas atitudes sociais em quaisquer contextos práticos da vida.  
A emergência da ressignificação do cotidiano da sala de aula, isto é, como o professor reage diante dos acontecimentos cotidianos? A resposta é decisiva, pois, esses acontecimentos são potencialmente legitimadores do papel da filosofia na vida do educando no ensino médio. Eles podem reconstruir de maneira racional o lugar da filosofia, assim como proporcionar a formação de indivíduos, críticos, reflexivos, autônomos, etc. categorias estas que devem ser colocadas em prática. 
O cotidiano é sempre possibilidade de criação, é espécie de aridez em que a experiência flui livremente e o diferente se põe em evidência.  Se o professor de filosofia suportar a sensação de estrangeiridade em sala de aula, pode agir de modo diferente, isto é, de maneira a produzir experiência filosófica.
Para produzir a experiência filosófica é importante abrir-se aos acontecimentos. Atentar-se, ver os aspectos “ um estado particular, nele não há possibilidade de enganos,” (GLOCK, 1998, p.53), que ocorrem dentro da sala de aula, afim de potencializá-los filosoficamente, e não ser tragado pelo acontecimento. Perder-se num acontecimento é perder a potência de uma produção filosófica.
Produzir, criar, ressignificar. Essas são as possibilidades que nos abre a ressignificação do cotidiano nas aulas de filosofia, quando escolhemos interagir com os fatos, com os acontecimentos.  





REFERÊNCIAS
ASPIS, Renata Lima e GALLO, Silvio. Ensinar filosofia: um livro para professores. São Paulo: Atta Mídia e Educação, 2009.
BRASIL. Governo Federal. Lei n. 11.684, de 02 de junho de 2008. Altera art. 36 da Lei 9394-96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 2008.
FARIAS, Isabel Maria Sabino de. SALES, Josete Castelo Branco. BRAGA, Maria Margarete Sampaio de Carvalho e FRANÇA, Maria do Socorro Lima Marques. Didática e Docência: Aprendendo a profissão. Brasília: Liber Livro, 2009.
GALLO, Silvio. “Acontecimento e Resistência: educação menor no cotidiano da escola”, In.: CAMARGO, Ana Maria Faccioli e  MARIGUELA, Márcio. Cotidiano escolar: emergência e intervenção. Piracicaba, SP:  Jacintha Editores, 2007.
GALLO, Silvio. Metodologia do ensino de filosofia. Campinas: Papirus, 2012.
GLOCK, Hans-Johann. Dicionário de Wittgenstein. Verbete: Ver aspectos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
GUATARRI, F.  & ROLNIK, S. Micropolítica: Cartografias do Desejo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
HORN, G. B. Ensinar Filosofia: pressupostos teóricos e metodológicos. Ijuí: Unijuí, 2009.
JÚNIOR, José Benedito de Almeida. Metodologia do ensino de Filosofia. Uberlandia MG, 2007.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Abril, 1983. Col. Os Pensadores.
RODRIGO, Lídia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio. Campinas: Autores Associados, 2009.
VEIGA, Ilma P. Alencastro. Aula: Gênese, princípios e práticas e práticas. Campinas, São Paulo, 2008.  
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. Tradução José Carlos Bruni. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999.




[1] [...] Em sua maior parte encontra-se em escolas públicas com precária qualidade de ensino, sendo portadora de graves deficiências educativas, tanto do ponto de vista linguístico como em relação a referências culturais de caráter mais amplo” (RODRIGO, 2009, p. 1).
[2] Segundo Kant: Nunca se realizou uma obra filosófica que fosse duradoura em todas as suas partes. Por isso não se pode em absoluto aprender filosofia, porque ela ainda não existe (...). Só é possível aprender a filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão o direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, confirmando-os ou rejeitando-os. Crítica da Razão Pura, 1983, p. 407.    
[3] Aula, nesse sentido, não deve ser entendida como um “momento marcado por situações de obediência, que guarda seus próprios ritos, vividos pelo professor e pelos alunos. Ao professor, é garantido o direito de voz; aos alunos, o dever de ouvir”. (FARIAS. SALES. BRAGA e FRANÇA, 2009, p.156).  Aula deve ser entendida como “fruto de ensaios, acertos e erros, da construção e reconstrução dos modos de ser, sentir e conviver; do empenho, do estudo e da paciência histórica; enfim, do reconhecimento do professor e dos alunos como autores e atores do processo de formação humana e de produção cultural”. (VEIGA, 2008, p. 58).  

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Uma teoria da Justiça (Resenha do cap. 01).




Neste  trabalho pretendo abordar a questão da Justiça como disposta na obra de John Rawls capítulo I: A justiça como equidade em que o autor delineia algumas ideias principais acerca do que vem a ser a justiça. “Parto da descrição do papel da justiça na cooperação social e de uma breve explanação do objeto principal da justiça, a estrutura básica da sociedade” (RAWLS, 2008).  O autor continua apresentando  a uma ideia central de justiça como equidade, uma teoria da justiça que pretende elevar a um nível mais alto de abstração a concepção tradicional de contrato social. “ Com o intuito de esclarecer e comparar, também trato das concepções clássicas de justiça do utilitarismo e do instrucionismo, examino algumas diferenças entre essas teorias e a justiça como equidade” (RAWLS, 2008).
Qual seria o  Papel da justiça? A justiça é uma virtude primeira das instituições sociais, assim como a verdade é o dos sistemas de pensamento (RAWLS, 2008). Apesar de haver sérias discordâncias sobre essa afirmação, Rawls justifica que cada pessoa possui uma inviolabilidade firmada na justiça e que nem mesmo a sensação de bem estar pode desconsiderar:

cada pessoa possui uma concepção de justiça. Isto é, cada qual compreende a necessidade e está disposto a corroborar com o conjunto de característico de princípios para a atribuição de direitos e deveres fundamentais e para decidir qual ele e os demais consideram ser a distribuição adequada dos benefícios e dos encargos da cooperação social. (RAWLS, 2008)


Essa afirmação põe em destaque as semelhanças e frisa que as diferenças entre as pessoas são importantes no que se refere a atribuição de direitos e deveres e especificam qual é a divisão mais vantajosa e apropriada. Segundo Rawls: “Precisamos levar em conta suas relações mais amplas, pois, embora a justiça tenha certa prioridade por ser a mais importante virtude das instituições ainda assim é verdade que uma percepção de justiça é preferível a outra quando suas consequências mais amplas são mais desejáveis” (RAWLS, 2008). 

RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça.  Trad. Jussara Gomes. 3ª ed. São Paulo. Martins Fontes, 2008.